terça-feira, 22 de outubro de 2013

MP denuncia mais 15 policiais pela tortura e morte de Amarildo

Quatro militares foram identificados como executores da sessão de tortura


Fonte: O Globo


Investigação aponta que Amarildo foi torturado na UPP da Rocinha Foto: Arquivo Agência O Globo / Thiago Lontra


RIO - O Ministério Público (MP) denunciou mais 15 policiais por envolvimento na tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. Com isto, agora são 25 os denunciados. Quatro militares foram identificados pelo MP como executores da sessão de tortura: o tenente Luiz Felipe de Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital.

Dos 25 denunciados, 12 são acusados de fazer uma vigia para garantir a ação dentro do contêiner da UPP. Outros oito PMs são acusados de omissão. Eles também vão responder por tortura seguida de morte. O major Edson Santos é apontado como mandante de toda a operação. O oficial responderá também por fraude processual e ocultação de cadáver.

O MP entendeu também que quatro pessoas não participaram e não puderam evitar o crime: três recrutas e um policial militar, que já testemunhou no caso. Ele teria pedido para que a tortura parasse, mas foi coagido por colegas.

Segundo a promotora Carmem Eliza Bastos, logo após o crime, o tentente Medeiros jogou óleo no local para apagar as evidências, como manchas de sangue. Ainda de acordo com a promotora, os PMs forjaram uma ligação do traficante Catatau para o policial que estava infiltrado na operação Paz Armada. Sabendo que o telefone do policial estava sob interceptação, eles tentaram incriminar Catatau como sendo o autor do crime. A perícia de voz, no entanto, revelou que a voz pertencia a um soldado da UPP.

Os promotores do Grupo de Atenção Especial ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco) vão pedir a prisão preventiva de mais três policiais: o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Lourival Moreira e Vagner Soares do Nascimento. Os três faziam parte do mesmo grupo tático de policiamento.

Na segunda-feira, o GLOBO revelou que, de acordo com investigações da Divisão de Homicídios (da Polícia Civil), da 8ª Delegacia Judiciária da Polícia Militar e do Gaeco, pelo menos 23 PMs estavam na UPP da Rocinha no momento em que Amarildo foi submetido a torturas.

Até o domingo, 137 pessoas tinham sido ouvidas nos inquéritos que apuram a morte de Amarildo e supostas torturas de outros 22 moradores da Rocinha. Na última sexta-feira, o major Edson Santos e o ex-subcomandante da UPP da Rocinha, tenente Luiz Felipe de Medeiros, também acusado pela morte de Amarildo, foram transferidos do Batalhão Especial Prisional da PM para Bangu 8. Os advogados deles entraram com um habeas corpus contra a transferência, pedida pelo MP para separá-los dos outros presos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário