quarta-feira, 12 de junho de 2013

Governador de SP criticou ação de manifestantes e destruição de ônibus.
Haddad também falou em Paris: 'não vou dialogar em situação de violência'.

Fonte: G1


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse na manhã desta quarta-feira (12) que é “intolerável a ação dos baderneiros”, ao comentar sobre os manifestantes que participaram dos protestos contra o reajuste das tarifas realizados nesta terça-feira (11) na capital paulista. O prefeito Fernando Haddad (PT) também comentou o protesto e afirmou à rádio CBN que "não vai dialogar em uma situação de violência".
As declarações foram dadas após a apresentação em Paris, na França, da candidatura de São Paulo para sediar a Expo 2020. Nesta terça-feira, ônibus foram pichados e parcialmente queimados na região central da capital paulista, agências bancárias tiveram portas quebradas e o acesso a uma estação do Metrô foi alvo de vândalos. Oito policiais militares ficaram feridos e 20 pessoas foram detidas. Treze seguiam presos na manhã desta quarta-feira.
“Sempre os governos, inclusive o do estado, estão abertos ao diálogo. Defende a livre manifestação, isso não é novidade para nós. É intolerável a ação de baderneiros, de vândalos, destruindo o patrimônio público e devem pagar por isso, porque o patrimônio é de todos, o patrimônio é coletivo”, afirmou Alckmin sobre a confusão.
O governador também criticou a depredação dos coletivos, já que os ônibus servem a população.O governador ressaltou que o aumento no preço das passagens de ônibus foi menor do que o previsto. O valor foi reajustado de R$ 3 para R$ 3,20 em no início deste mês. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo valor seria de R$ 3,40, segundo a Prefeitura.
Alckmin estranhou o fato de um movimento a favor do transporte coletivo destruir ônibus e disse que os responsáveis pela destruição serão responsabilizados.
“Há de se responsabilizar a destruição do patrimônio público, porque é patrimônio coletivo. Então, a polícia vai responsabilizar e exigir o ressarcimento de patrimônio destruído, seja ele público ou privado. Isso extrapola o direito de expressão, isso é absoluta violência, vandalismo, baderna e é inaceitável”. Ele também ressaltou que a Polícia Militar agiu com profissionalismo durante a ação e lembrou que PMs também ficaram feridos.
Na manhã desta terça-feira (11), o governador havia dito, também em Paris, que interromper o trânsito em vias importantes durante as manifestações era “caso de polícia”.
Prefeitura
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não vai dialogar com quem usa a violência para protestar. “Eu disse e repito que não vou dialogar em uma situação de violência, falei várias vezes. A renúncia à violência é pressuposto ao diálogo. A prefeitura dialoga com todos os movimentos sociais, não tem preconceito”, afirmou Haddad em entrevista à CBN.
De acordo com ele, os manifestantes enviaram um pedido de audiência à Prefeitura nesta terça-feira (11), mas continuaram a protestar de forma violenta, impedindo o diálogo. As manifestações são convocadas pelo Movimento Passe Livre (MPL).
O prefeito rebateu as declarações do MPL, que afirmou não incentivar a violência, mas que é “impossível controlar a frustração e a revolta” de milhares de pessoas com o poder público e com a violência da Polícia Militar. “É fácil lavar as mãos depois que aconteceu. Você promove um movimento e não tem capacidade de liderança e aí lava as mãos. Isso não é próprio da democracia. Democracia é assumir responsabilidades”, disse.
A prefeita de São Paulo em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), afirmou mais cedo, ao Bom Dia São Paulo, que não é possível, neste momento, dialogar com os movimentos que reivindicam a redução de tarifa. “Não podemos aceitar que o objetivo seja criar transtorno. O diálogo nessas condições não é possível”, afirmou Nádia, que assumiu a Prefeitura nesta segunda-feira (10), enquanto Fernando Haddad participa está em Paris.
Segundo Nádia, representantes da Prefeitura devem participar nesta quarta de uma conversa mediada pelo Ministério Público de São Paulo. Ela disse que administração segue aberta para dialogar sobre o transporte público. "Fazemos apelo para que os manifestantes procurem o caminho do diálogo", disse. A prefeita afirmou que está sendo feito nesta manhã o levantamento dos prejuízos provocados pelo último protesto.
De acordo com o secretário municipal de Transportes Jilmar Tatto não é possível reduzir a tarifa da passagem de ônibus de R$ 3,20 para R$ 3., já que o valor do aumento ficou abaixo da inflação e houve desoneração de impostos.
Tatto concorda que o valor pesa no bolso do trabalhador, mas diz que a Prefeitura não tem condições de arcar com o valor total do subsídio.
“O que nós precisamos, na verdade, é ter um outro mecanismo de financiamento do transporte público. Talvez, o usuário do transporte individual financiar o transporte público, você ter novas desonerações, nós temos ainda de imposto federal 14% que pode ser desonerado como o imposto do diesel, o imposto de renda. Tem o ICMS que também pode ser desonerado, então são ações que precisam ser feitas”, defendeu.
Protestos
Cerca de 5 mil pessoas participaram do terceiro protesto contra o reajuste das tarifas. Dez pessoas foram detidas na região central de São Paulo e irão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Ao todo, 20 pessoas foram detidas. Oito policiais militares ficaram feridos, segundo balanço da corporação.
Treze manifestantes permaneciam presos na manhã desta quarta-feira (12), segundo a Secretaria da Segurança Pública. Entre eles, há uma mulher e um homem com curso superior. Como, somados, os crimes por dano ao patrimônio e formação de quadrilha superam os quatro anos de pena, a polícia não pode arbitrar fiança, apenas a Justiça.
A manifestação começou por volta das 17h na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes desceram a Rua da Consolação em direção ao Centro. Eles tentaram fechar o Corredor Norte-Sul, uma das principais vias da cidade, mas a Polícia Militar impediu o avanço do grupo em direção à Avenida 23 de Maio.
O grupo, então, se dirigiu à Praça da Sé e ao Parque Dom Pedro. Segundo a PM, houve confronto quando manifestantes tentaram entrar no terminal de ônibus para depredar veículos. A polícia atirou bombas para dispersar manifestantes na Praça da Sé. Apesar da ação da polícia, a multidão deixou um rastro de pichações e destruição em agências bancárias, ônibus, prédios públicos e privados.
O grupo de manifestantes se dividiu e passou a realizar protestos simultaneamente na região da Paulista e na região central. Foram quase seis horas de protesto nesta terça. Os manifestantes só dispersaram pouco antes das 23h, quando houve um último confronto com a PM e começou a chover na região da Paulista.
Um integrante do Movimento Passe Livre que se identificou apenas como Marcelo disse que os ataques começaram após a repressão policial contra os manifestantes no Parque Dom Pedro. "Antes disso, houve alguns pequenos focos de conflito sem importância. Não teve nada disso antes de a polícia iniciar a repressão", afirmou.
De acordo com ele, o movimento se dividiu em vários grupos e passou a atuar sem um comando central. Ele disse que O MPL não assume a responsabilidade pelos ataques a ônibus e prédios públicos. "Com mais de 15 mil pessoas, não dá para controlar."
Manifestantes tentam atear fogo em um ônibus no centro de São Paulo. (Foto: Rodrigo Paiva/Estadão Conteúdo)Manifestantes ateiam fogo em um ônibus no centro de São Paulo. (Foto: Rodrigo Paiva/Estadão Conteúdo)

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